Arquivo diário: junho 11, 2008

Parece que já vi isso antes…

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Das três, uma (ou mais): minha memória é muito boa; a memória dos outros é muito ruim; minha capacidade de inventar situações ultrapassa qualquer limite da realidade. Sinceramente, gostaria que fosse qualquer outra alternativa porque sempre, sempre, tenho a impressão de já ter vivido alguma situação que acabou de acontecer.

 

Hoje, ao descer do fretado, aconteceu. Entrei na cabine do motorista, anunciando minha descida. Ele me olhou e disse: “Oi, princesa. Onde desce?”. O pensamento: “Ahn!? Onde desço há um ano e sete meses!”. Respondi pacientemente: “Ali, em frente à padaria, na esquina”. Nessas horas eu penso na minha vaguinha no céu e no verso de Lenine “eu finjo ter paciência…”. Ele completa: “Vamos dividir a grana?”.

 

Pára tudo. Perguntar onde eu desço faz parte do trabalho. Afinal, a memória dele não precisa ser tão boa a ponto de lembrar exatamente onde cada passageiro desce (precisa?), mas repetir a piada de segunda-feira já é demais! Tudo bem que minha bolsa (ai, se Glorinha Kalil visse) contorna metade do meu corpo (o que não é muita coisa longe dele, mas, na proporção, chama mesmo a atenção), mas cheguei a pensar que era uma pegadinha. Entrei na brincadeira, repetindo a minha resposta de dois dias atrás, na tentativa de ele perceber a situação: “ah-ha-ha. Se tivesse, até dividiria…é só tamanho aqui”. Conforme esperado, novamente ele ignorou minha participação.

 

Estava prevendo a seqüência quando, antes do esperado (o farol não fechou como na segunda-feira), ele soltou a terceira frase do roteiro: “ahhh, aqui na padaria tá bom, princesa? Já aproveita e compra o pão”. Daí achei demais. Simpatia é uma coisa. Incentivo a joguinhos psicológicos não faz parte do meu script. Dessa vez, não repeti minha participação (se a curiosidade te consome – e se você me conhece – deve saber que foi apenas um “Ha-ha. Ai, ai”, ou seja, ele não perdeu muita coisa).

 

Saí andando e, no exato momento em que cruzei a rua, a vinheta no rádio soou familiar. O locutor (o excelente Daniel Dayben, da Sala do Profº Buchanan’s, Rádio Eldorado, das 19h05 às 19h25) anunciava que, como em programas anteriores, ele faria uma brincadeira com uma mesma música tocada por artistas diferentes. Ah, piada. Eu ouviria a mesma música, tocada de formas distintas, sem intervalos entre uma e outra?! Joguinho psicológico o caramba! Já estão abusando da minha sanidade mental! Desliguei o rádio e nos sete minutos seguintes fiquei pensando se é mesmo possível que a gente tenha que passar por uma mesma situação duas, três, quatro, X vezes, até perceber alguma coisa da qual nunca se deu conta. Às vezes funciona porque, “mesmo quando o corpo pede um pouco mais de calma, a vida não pára” e muita coisa passa em branco mesmo nessa correria. Mas… bem…até que ponto a repetição nos ensina alguma coisa, já é outra história, pra outro post.

 

Se me dão licença, vou parar por aqui e ajudar minha mãe, que está tentando tirar xerox (sim, isso ainda existe) na multifuncional aqui do meu lado e, pela não-sei-quantas-vezes, vou dizer que apenas basta apertar a tecla “Copiar”, piscando com uma luz verde no meio das outras apagadas. Parece que já vi isso antes…

 

Por Má-Má.