As chaves, a pomba e o velho

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2012 mal começou e já tem se provado um ano que veio para incomodar. Só no primeiro mês do ano, eu passei por três experiências pela primeira vez: tive meu apartamento furtado, coloquei meus pés numa delegacia e participei de uma reunião de condomínio. Todas, situações pelas quais eu preferia não ter passado, mas que tiveram lá suas peculiaridades. OK, o furto do apê até agora eu acho totalmente dispensável (ainda incomoda muito pensar que meliantes entraram na minha casa, mexeram nas minhas coisas e acharam que tinham direito de levar meus pertences comprados depois de muito trabalho honesto…), mas ele serviu pra eu aprender a ter backup – e que bad things happen with good people.  

Se a experiência da delegacia não saiu nem um pouco do que eu esperava do ciclo chega – toma chá de cadeira – faz B.O. – agüenta o pouco caso do delegado – volta pra casa achando que a vida é injusta, a reunião de condomínio reservou momentos únicos. Primeiro porque, como inquilinos, Jor e eu não costumamos participar deste ritual típico da classe média. Mas como um dos assuntos em pauta era “Furto do Apto 401”, a nossa participação era obrigatória.

E lá fomos nós. Em um prédio com 11 apartamentos, a reunião contou com a presença de meia dúzia de gatos pingados em volta da mesa de jantar da casa da síndica. Por ter o assunto “Furto” na pauta, é de se imaginar o clima que não seria esta reunião, correto? Sim e não. Sim, o assunto segurança foi exaustivamente abordado, e, neste contexto, nossa exigência era que fôssemos ressarcidos dos custos com a fechadura arrombada que tivemos que trocar e com as chaves. E o assunto foi para votação dos condôminos – momento climão!

Mas não, nem tudo foi tensão, graças à Sra. do 202. Ela provavelmente tem seus 202 anos, já está parcialmente surda (logo, fala muito alto) e recentemente perdeu o marido. Dona 202 foi a surpresa da noite. Em meio à tal votação, no único segundo em que se fez silêncio, a situação se deu assim:

Administrador do condomínio: Bom, acredito que teremos que abrir este assunto para votação, já que não tivemos uma decisão.

(insira aqui o momento climão da noite)

Dona 202: EU GOSTARIA DE APROVEITAR PRA AGRADECER A VOCÊS DA ADMINISTRAÇÃO POR TEREM RESOLVIDO MEUS PROBLEMAS COM OS POMBOS PORQUE A PREFEITURA BLABLABLA, E A ÁRVORE BLABLABLA, MEU ARMÁRIO MOFADO BLABLABLA E AS POMBAS MATARAM MEU MARIDO.

Carrô: O__O >> Ela está falando de POMBOS????? Pensa que o velho morreu e se segura pra não rir na cara da Dona 202

Jor (com uma cara de assustado): Você vai CHORAR?

Carrô: … Não… Eu to me segurando pra não rir. Ela está falando de POMBOS.

Filha da Dona 202: ótimo, mãe, mas agora nós estamos falando das chaves, que eles trocaram e temos que resolver este assunto.

Dona 202 (olhando pra Carrô e Jor): Ah sim. Vocês precisam melhorar a fechadura de vocês. Reforçar mesmo…

O__O

Depois desse episódio, tudo que se seguiu da reunião de condomínio não tem mais importância. Se em todas as reuniões Dona 202 estiver presente pra fazer seus comentários sempre pertinentes (not!), eu estarei lá. Numa noite que tinha tudo pra ser boring (e não se enganem, foi…), Dona 202 mostrou que 2012 deve reservar também bons momentos. Basta participar. =)

 

Por Carrô.

Uma resposta »

  1. UIAHIAUHAUIHAUIAHIAUHAIUHA desculpa, Carrô, mas impossível não rir desse final…

    Gente!!! Eu não conseguiria segurar a risada!!!
    O melhor foi o Jor perguntando se você ia chorar. hahahahhaha Imagino a cena!

    Mas, tirando a parte tragicômica, que absurdo tudo isso!!
    Moramos em apartamento justamente por ser “mais seguro”.
    Espero que fique tudo bem, pequena!

    Beijos!!

  2. hahahahahahahaha
    sensacional. reforça mesmo. reforça a sanidade, que 2012 nos reserva muitas surpresas, baby. hahahaha
    pelo menos o mordomo se livrou dessa vez…eu sempre suspeitei das pombas!

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